terça-feira, 17 de maio de 2016

Estudos Disciplinares II - TG - Trabalho em grupo (1/2016)

Atividade
Questão: Roque de Barros Laraia em seu livro “Cultura um Conceito Antropológico” faz um interessante relato de caso como se segue no trecho a seguir: “Um cachorrinho recém-nascido é criado com uma ninhada de gatinhos por uma gata. Contrariamente às anedotas familiares e aos tópicos de jornais, o cachorrinho latirá e rosnará, não miará. Ele nem mesmo experimentará miar. A primeira vez que se lhe pisar na pata ele ganirá e não guinchará, tão certo como, quando ficar enfurecido, morderá como o faria sua mãe desconhecida, e nunca procurará arranhar, tal como viu a mãe adotiva fazer.” Vimos que os humanos dependem do seu sistema auditivo para que o sistema fonador funcione e assim aprenda a falar e se comunicar; esse aprendizado é dado pela convivência e repetição, o que não ocorreu com o cão descrito no trecho. Assim é notório que a evolução humana nos trouxe a habilidade de falar e não é compartilhada com nenhum animal de outra espécie. 

Explique como os homens adquiriram a habilidade da fala. 


Bom Trabalho! 

Não se esqueça de ler e refletir através do material inserido nos Estudos Disciplinares e/ou outras fontes! 


Referência: Laraia, R. de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico.18º ed. Editora Zahar. Rio de Janeiro, 2005

AVALIAÇÃO Nota 10,0
  • Observações
    Prezado(a)aluno(a), O presente trabalho foi corrigido e validado com sucesso e está de acordo com a proposta pedagógica do curso. Parabéns ao grupo, pela realização da atividade! 




1.0 INTRODUÇÃO


O presente trabalho tem por objetivo trazer uma Reflexão sobre o desenvolvimento da fala humana, a habilidade da fala. Como surgiu? Qual a importância da linguagem para a evolução humana?
Sabemos que os humanos dependem do seu sistema auditivo para que o sistema fonador funcione e aprenda a falar e se comunicar; esse aprendizado é dado pela convivência e repetição, o que não ocorre com os animais.
Assim é notória que a evolução humana nos trouxe a habilidade de falar e não é compartilhada com nenhum animal de outra espécie.
O presente trabalho se relaciona a relaciona a habilidade que o homem teve de adquirir a fala.

2.0 ORIGENS DA LINGUAGEM

Nossa habilidade de nos comunicar usando a língua é frequentemente citada como  elemento que nos separa dos outros animais. A linguagem foi realmente o grande atributo no desenvolvimento do conjunto de características que fazem dos seres humanos seres únicos.
Embora a língua não seja exclusivamente humana em todos os aspectos, pois cães, macacos e golfinhos, por exemplo, podem aprender o significado de muitas palavras, é ela que nos diferencia dos outros animais.
Não só os seres humanos evoluíram cérebros que processam e produzem linguagem e sintaxe, mas também podemos fazer uma gama de sons e tons que usamos para formar centenas de milhares de palavras. Para fazer esses sons - e falar - os seres humanos usam o mesmo equipamento básico que chimpanzés têm: pulmões, garganta, laringe, língua e lábios, mas nós somos os únicos que cantam ópera e falamos ao telefone, por exemplo. Uma coisa que distingue os humanos de outros animais é a nossa capacidade de usar a linguagem. Mas quando e por que essa característica evoluiu?
 A comunicação refinada teria ajudado os humanos no mínimo desde o Pleistoceno tardio, cerca de 120 mil anos atrás. A este ponto, os humanos já eram proficientes em grandes caçadas. Mas as palavras não deixam vestígios no registro arqueológico. A especulação sobre as origens da linguagem humana é antiga, embora haja desacordo sobre o tempo exato a respeito da linguagem como a conhecemos hoje, provavelmente, apareceu relativamente na pré-história humana.
Olhando para as questões centrais na evolução da linguagem, primeiro devemos discutir os pré-requisitos biológicos para a fala e para a linguagem, e em seguida, analisar as principais hipóteses sobre a origem da linguagem humana.

2.1 Pré-requisitos biológicos

A evolução da linguagem humana está intimamente ligada com alterações em órgãos essenciais como a estrutura e o tamanho do cérebro humano e a forma no trato vocal.
Antropologistas têm recolhido evidências de que a cerca de dois milhões de anos A.C. o Homo Habilis e o Homo Erectus desenvolveram o cérebro e ficaram aptos as tarefas linguísticas básicas e que com o advento dessas opções, em torno de quatrocentos mil anos A.C. o Homo Sapiens desenvolveu uma faixa vocal que gradualmente o tornou pronto para o uso de algum tipo de fala.
A condição prévia mais importante para a produção de toda a linguagem é o desenvolvimento de um sistema nervoso central com um elaborado córtex. As áreas de Broca e Wernicke do cérebro dos primatas são muito parecidas com as correspondentes do cérebro humano, a primeira área sendo envolvida em muitas tarefas cognitivas e perceptivas, a capacidade para competências linguísticas vindo da segunda. Os mesmos circuitos discutidos no tronco cerebral dos primatas estão no sistema de controle de sons não-verbais em humanos (rir, chorar, etc), o que sugere que o centro da linguagem humana é uma modificação de circuitos neurais comum a todos os primatas. Essa modificação e sua habilidade para a comunicação linguística parecem ser exclusivas dos humanos, o que implica que o órgão para linguagem teria se derivado depois da linhagem humana ter se separado daquela dos primatas (chimpanzés e bonobos). 
O segundo pré-requisito é um trato vocal com uma forma particular e esse trato vocal deve estar em condições de produzir suficientemente um grande repertório de sons. Mais de 100.000 anos atrás, a boca humana começou a ficar menor e menos saliente. Nós desenvolvemos uma língua mais flexível, que pode ser controlada com maior precisão, e um pescoço mais longo. Alguns estudiosos acreditam que os recursos do bipedismo, que se desenvolveram no Australopithecus cerca de 3,5 milhões de anos atrás, teriam trazido mudanças ao crânio, permitindo um maior trato vocal em forma de L. A forma do trato e uma laringe posicionada relativamente abaixo no pescoço seriam pré-requisitos necessários para muitos dos sons orais que os humanos fazem, principalmente vogais. Outros estudiosos acreditam que, com base na posição da laringe, nem mesmo os Neandertais tinham a anatomia necessária para produzir a gama completa de sons produzidos por humanos modernos.
Foi anteriormente proposto que as diferenças entre Homo sapiens e o neandertalenses no trato vocal poderiam ser vistas em fósseis, mas a constatação de que o osso hioide de neandertalense era idêntica à encontrada no Homo sapiens, enfraqueceu essas teorias. Outra perspectiva considera que o abaixamento da laringe é irrelevante para o desenvolvimento da fala. Características anatômicas, como o trato vocal em forma de L foram evoluindo continuamente e não surgiram subitamente.
Por isso, é mais provável que o Homo habilis e o Homo erectus durante o baixo Pleistoceno tiveram alguma forma de comunicação intermediária entre a dos humanos modernos e a dos outros primatas.
Pode ser estabelecida uma distinção entre fala e linguagem. A linguagem não é necessariamente falada: ela pode, alternativamente, ser escrita ou sinalizada. A fala é um dentre uma série de diferentes métodos de codificação e transmissão de informação linguística, embora seja, sem dúvida, o mais natural.

2.2 Hipóteses de surgimento da linguagem

            Desenvolvidos os pré-requisitos biológicos necessários o que fez então que a linguagem surgisse? Que os antecessores do Homo Sapiens eram capazes de usar algum tipo de sistema de comunicação é indiscutível para os estudiosos, mas como podemos explicar o crescimento constante do cérebro a partir do Homo Habilis até o Homo Sapiens? No entanto, o impulso inicial para o uso da linguagem ainda não é claro.
            Existem várias hipóteses modernas para explicar tal origem:
Hipótese da Linguagem Gestual diz que uma vez que o Homo Erectus pode ficar em pé teve as mãos livres para uma interação social mais complexa. A língua gestual e a linguagem vocal dependem de sistemas neurais semelhantes, sendo que as mesmas regiões do córtex cerebral responsáveis pelos movimentos da boca e das mãos são próximas. Contudo, nossos ancestrais passaram a usar mais e mais ferramentas, o que significa que suas mãos estavam ocupadas e não podiam ser tão mais usadas para gesticular. Os gestos exigem que os interlocutores estejam visíveis um para o outro e em várias situações eles precisariam se comunicar sem contato visual, como após anoitecer ou quando alguma vegetação obstruía a visibilidade.
Hipótese da Vocalização sugere que a linguagem desenvolveu-se  relativamente e institivamente de chamados vocais dos nossos antepassados na evolução. Parece lógico, já que seres humanos e animais emitem sons ou gritos.
            Hipótese Neural sugere que a linguagem resultou de um aumento da inteligência geral documentada por um aumento do volume cerebral e de um aumento na precisão da rede neural.
            Hipótese mãe-filho sugere que a linguagem poderia ter se desenvolvido como consequência da interação entre o bebê recém-nascido e sua mãe. O recém-nascido, ao contrário de qualquer outro mamífero, tem que ser cuidado o tempo todo. Quando os hominídeos começaram a andar sobre duas pernas tornou-se mais e mais difícil cuidar dos bebês e que alguns sons teriam sido aceitos como confiáveis e assim começado essa evolução.
Em relação a ultima hipótese, esta torna-se mais evidente quando nos reportamos aos 2 primeiros anos de vida do ser humano. O bebê começará usando a língua, os lábios, o céu da boca e qualquer dente que esteja aparecendo para produzir sons (“os” e “as” no primeiro ou no segundo mês; os murmúrios começam pouco depois). Logo esses sons se tornam palavras de verdade (um “mamã” ou um “papa” pode escapar sem querer entre os 4 e os 5 meses. Entre 1 e 2 anos ele começara a formar frases com duas ou três  palavras, a necessidade de se comunicar com a mãe vai se tornando cada vez maior, o bebê se expressa para que possa ser entendido e ouvido pelas pessoas ao seu redor, e assim atender suas necessidades. 
Assim é notório que o desenvolvimento humano se dá primeiramente pela fala, onde somos capazes de escutar, estudar e desenvolver novas tecnologias.

3.0 CONCLUSÃO
Muitas são as teorias a respeito do surgimento da fala, e claro não se pode ignorar os Pré-requisitos biológicos, como também as Hipóteses de surgimento da linguagem, mas embora as teorias sejam diversas, também não  podemos  desconsiderar o principal fato para surgimento da fala: a necessidade.
A fala surge da intensa necessidade de se comunicar com o seu semelhante, de se entender e se fazer entendido. Necessidades estas que cresciam ainda mais, com a evolução da humanidade, as pessoas queriam contar o que sentiam, o que queriam fazer, o que pensavam. Não é difícil imaginar um mundo na ânsia de falar. Por outro lado a comunicação aproximava as pessoas e entre elas haveria ajuda mútua.
Acredita-se que os órgãos que hoje produzem a voz, não estavam ainda bem desenvolvidos e que levaram anos e anos para se aperfeiçoarem. Assim a voz foi-se desenvolvendo lentamente.
            A linguagem nasce da necessidade: a fome, a sede, o frio levaram a criação de palavras, e o homem foi criando palavras, frases, transmitindo verbalmente suas primeiras impressões. A linguagem nasce das emoções: do riso, do grito, do choro, da dor, da alegria e a fala nada mais é que a expressão dessas emoções.
  

4.0 REFERENCIAS

·         Handke, Jüden. Language Typology – The Evolution of Language, 2012. The Virtual Linguistics Campus, www.linguistics-online.com acessado em 20 de maio de 2016.
·         Vieira, Eli. Sendo humano: linguagem: uma história social das palavras http://evolucionismo.org/profiles/blogs/sendo-humano-linguagem-uma Acessado em 20 de maio de 2016
·         Masterson, Kathleen. From Grunting To Gabbing: Why Humans Can Talk  http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=129083762 acessado em 20 de maio de 2016
·         Knight, Chris; Power, Camilla (2012). Maggie Tallerman, Kathleen R. Gibson, : . Social conditions for the evolutionary emergence of language (PDF). The Oxford handbook of language evolution (Oxford  ; New York: Oxford University Press). pp. 346–49.
            Hurford, J. The origins of meaning (Oxford University Press; 2007).
·         Karmiloff-Smith, A. Cogn. Affect. Behav. Neurosci. 6, 9–17 (2006).
·         Fisher, S. E. & Marcus, G. F. Nature Rev. Genet. 7, 9–20 (2006).

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